terça-feira, 30 de janeiro de 2007

A tristeza bateu-me á porta
não me recordo...
d'a ter convidado a entrar
não me recordo...

Não me recordo...
Quando saltei á corda
não me recordo...
do meu vestido da comunhão

Do dia em que d'África me despedi
não me recordo...
mas das lágrimas de tanta saudade
dessas me recordo.

Zedlav

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Nasci para cantar minha terra
Com um nome demais singular
Tive de lá sair, motivo guerra
Mas será sempre a minha Salazar

E a saudade...
Essa é como o restôlho
Quanto mais tempo e idade
Mais lágrimas mia terra molho

Nasci p'ra versos procriar
E mia terra em doce cantar
Fazê-la em mim reviver
Já que lá não posso viver

Zedlav

sábado, 13 de janeiro de 2007

Quiz num pedaço fazer renascer
minha terra, minha Salazar
construí um sonho, fi-lo nascer
p'ra num baú tudo guardar

Nisso dia e noite trabalhei
com que desvêlo e carinho
peça a peça eu tudo montei
minha Salazar, meu cantinho

Quiz a todos a porta abrir
com nossas felizes memórias
p'ra num abraço chorar e rir
contando cada um nossas histórias

Um baúzinho com fotos antigas
de nossos tempos em Salazar
histórias que se cruzam de tão amigas
ninguém veio para as contar

A festa acabou antes d'iniciar
e eu sentada fiquei a cismar
será que só eu existia em Salazar
ou serei a única a querer recordar?

Mais uma decepção...
eu é que meu baú encho
com tanta desilusão
meu baúzinho preencho

Zedlav

Que inveja tenho do mar
das árvores, das falésias
porque não sabem amar
Nem têm estas dores tão mias

De que serve ser-se gente
se não se sabe caminhar
se nossa alma dormente
só sabe choramingar

Como queria ser mar
jamais ter algo sentido
nunca as estrelas ter visto
nem ouvido pássaros a chilrear

Nunca deveria ter nascido
este mundo é demais doloroso
já deveria ter desistido

Zedlav


P'ra além de mim naveguei
em porto algum atraquei
vi as noites a empalidecer
manhãs sem adormecer

P'ra lá de meus horizontes
naveguei sem p'ra trás olhar
perdi meu olhar em cristalinas fontes
neste incessante procurar

Minha bussola o cruzeiro
meu único momento prazenteiro
meus dedos abri e deixei cair
meu único remo sem o sentir

Meus horizontes ilimitados
de liberdade não se querem condicionados
P'ra lá deles minha contínua busca
mas jamais serei rustica e brusca

Nada interessa, continuo a navegar
sem em porto algum atracar
busco meus sonhos perdidos
desfeitos, da vida desiludidos

Zedlav

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Meu tempo de tempos idos
evaporou-se,nem dei por isso
terá sido um tempo omisso?
anos que só não foram vividos

A mia concha foi-se fechando
eu jamais nisso reparei
quanto me estava isolando
até qu'um dia só me deparei

P'la ruas solitária caminhando
como seria bom ter alguém
Numa amiga sempre pensando
compartilhando tudo também

Mas a concha fechou-se
e eu em mim me tranquei
meu tempo d'alegria acabou-se
amigos na vida não encontrei

Zedlav

terça-feira, 9 de janeiro de 2007


segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Quando mia alma voa
quer p'ra junto de ti
chora, tanto chora
por não a deixar ir
qu'até o vento a lastima
tantos anos separados
para ti sonhos e flores
p'ra mim nem um sorriso
e mia alma chora, tanto chora
e em noites frias
em que ouço a tua voz
deleito-me a vaguear
naquelas nossas canções
em que tu me prometias amar
juravas que não haveria decepções
e tu e eu ao céu olhávamos
e voávamos...
num mesmo sonho partilhado

zedlav

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Quem ama assim...
Será que só nós mulheres!?
Recuso-me a pensar que sim
Mas que interessa quereres

Por vezes tudo nos parece
Tão ao nosso alcance
E num ápice desaparece

É então que meditamos
Porquê? O que aconteceu!?
Revivemos, investigamos
Para ver porque feneceu

Nada, pequenas questões
Nem são nada quando somadas
Desaparecem as paixões
Nós é que ficamos desesperadas
Zedlav

Minha menina pobrezita
o vento trouxe a notícia
da tua morte,na nuvenzita
o veneno foi a tua carícia

Que crueldade para ti
tão triste, tão gaiata
olhos verdes, cabelo ao vento

A vida em nada te sorri
foste uma breve balada
cedo carregaste o teu tormento

Tua cruz, filha do pecado
da prostituta,tua vida enlutou
via-te passar com teu fardo
tão pequenina, do estigma não te libertou

No patíbulo da vergonha
cobris-te tua carinha casta
no etéreo oceano da amplidão
elevas-te com tua morte a peçonha
qu'o mundo te quiz lançar fasto
Deus um anjo ganhou, na terra
ficou um imensa solidão

....és mais um anjito
voas-te no sonho da pureza
pobre, apontada, pobrezita
descansa em paz, na glória de Deus

Zedlav

Minha f'licidade sou eu
eu em toda a minha plenitude
eu com minha personalidade
formada de erro e virtude

Minha f'licidade sou eu
desta mulher, desta pessoinha
que p'ra aqui chegar,tanto padeceu
como gosto desta senhorinha

Minha f'licidade sou eu
quiz mudar, não deu certo
tinha um constante aperto
pois o meu eu não era meu

Minha f'licidade sou eu
com meus poemas, minhas crenças
minhas ilusões, minhas doenças
sou feliz, pois sou eu

Lutando por meus ideais
guerreando, nunca desistindo
chorando,rindo,tudo achando lindo
fiel a meus pensamentos leais

Minha f'licidade sou eu
com pouco, muito, tento sorrir
a Deus agradeço o que me deu
pois a Ele agradeço o meu porvir

Zedlav

Pede-me o ultimo sopro
da minha existência
pede-me p'ra ficar com tuas dores
pede-me a minha felicidade

Não é malogro
sem pudor, nem prudência
tudo te darei, até as cores
da saúde e da ombridade

Um dia amor assim esbangei
ás mãos cheias o ofertei
sem pensar nas consequências
hoje a mim dou as condolências

tanto, tanto dei
de tanto, colhi desventura
apercebi-me, recuei...
tárdiamente, tinha entrado n'aventura

Zedlav

Retrocedendo no passado...
Anos vividos passados
Agarrei-me a lembranças
A um sonho d'esperanças

Imergi...nele totalmente...
Desnorteei a realidade
Um destino d'infelicidade
Nada volta atrás realmente

As minhas recordações voam
tentando colar sonhos não vividos
Quero esquecer qu'acabaram
Não voltam foram tempos idos

Zedlav

Vivo idealizando
o verso perfeito
aquele que me seduziria
conseguisse sentimentos traduzir

Durante a noite pensando
de madrugada ainda no leito
em catadupa escrever queria
tantos que mia mente consegue produzir

Mas nenhum é perfeito
aquele que ambiciono
quiçá até já o tenha feito

Mas não, senão esta busca
este total abandono
teria findado pois até assusta

Zedlav

As brumas
sinto-as silenciosas
como fogos fatúos
erguem-se do solo arado
esgueiram-se p'los caminhos

São tendênciosas...
sussurram nos matos
crescem pelo prado
são...daninhos...

Brumas...é o medo
não nem têm segredo
são misteriosas
as minhas brumas majestosas

Zedlav

Os sinos repicam
a magia da musica ecoa
e eu so!...
a paz tenta penetrar
em espírito meu
mas a realidade escorraça-a
desses com quem eu privo
oiço a sinfonia fantasiando
os sinos repicaram
queria um Natal feliz
queria rir, festejar, sonhar
prendas tive-as ás carradas
dei a quem por mim passou
sem necessitar de m'enfeitar
de barrete de Mãe Natal
As únicas prendas que queria
eram meus filhos
meu Pai, Bélita e Avó

Zedlav

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Que doce mentira
aqu'la que eu queria ouvir
era o renascer sem ira
na alma o ciume não sentir

Deixo-me arrastar p'lo pesadelo
que este acho sem fim
quisera no inferno metê-lo
e alegria encontrar, enfim

Mas quando acordo da letargia
cá está de novo amedrontado
já não ligo, não sinto energia
estou neste fundo, chorando

Chorando esta tão má sorte
Esta minha cama que eu fiz
sinto-me do corpo e alma doente
mas eu construi, tentei, nada desfiz

Ando nisto ás apalpadelas
incoerentemente falo sózinha
quero ser feliz, Feliz!...
mas sou uma pobrezinha

87
zedlav

O som melódico ouvindo-se ao longe
tange gemendo e chorando
sempre nas mesmas notas
soltando suspiros de dor

semeando de angustias e amargor
essas notas lindas e soltas
vão com o vento ais soltando

zedlav

Fala...
Fala baixinho
rsponderei sussurrando
e a vida girando
sorri-me com teu jeito
carinhoso
sorrir-te-ei com ternura
deixa a vida passar
prende o momento
soletra as palavras
que eu tanto quero
e a vida correrá
encosto-me a ti
que nossos corpos se fundirão
e a vida passará
a musica não parou
só nossas vidas pararam
porque estás aqui
e a vida correrá

zedlav

Já fui nova
sonhadora
e romantica
mas os anos caíram
as rugas chegaram
as desilusões somaram
hoje passeio p'la praia
afundada em pensamentos
o romantismo desapareceu
esses deram lugar
a uma realidade dura
e eu...
fiquei só
preenchida p'la solidão
p'los meus silêncios
p'la minha tristeza
e vi que tanto dei
e que a mim nada deram

zedlav

Eu sou a outra
que da cinza m'ergui
minha cabeça alteei
e altiva a vida venci

Eu sou aquela
que o mar mirando
a tristeza a retirei dela
e p'lo mundo vou vagando

Eu sou aquela
que um dia quiz ser poeta
que sua terra quiz cantar
e só a conseguiu lamentar

zedlav

Vento pára e leva-me
faz de mim brisa
sol pára e leva-me
faz de mim um raio de sol
para o poder aquecer
ou sómente nele pairar
ó lua pára e leva-me
para sua noite enluarar
ó nuvem pára e leva-me...
para em gotas sua face beijar
ó tempo pára e retrocede
para eu tudo modificar
e finalmente com ele estar
quem me dera ser uma flor
para ele me colher
e dá-la ao seu amor

zedlav

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007



Meus filhos, minhas ternurinhas
que Deus vos abençoe por serdes vós
por serdes meus, lindas criaturinhas

Zedlav

Não pode existir no mundo
nada mais belo que ser-se MÃE
nove meses de temor profundo
será perfeito, não será
o esplendor do nascimento
é como se tivessemos
aprisionado o sol
dentro de nosso ventre
e de repente ele sai
Todo uma criança
um futuro, uma vida
ele nasceu
nesse momento
o mundo pára para nós mães
e olhamo-os
com ansiedade
ânsia de conhecê-los
depois com angustia
extasiamo-nos com aquele
pequenito ser
o nosso bocadinho de carne
tão indefeso
pegamos-lhe e as lágrimas caem
sem nos apercerbermos
é o doce momento da maternidade
um momento sublime
depois, depois o sol entra
definitivamente em nossas vidas

Zedlav


Queria ser o vento
para t'acompanhar
p'ra não te ver partir
queria ser o vento
p'ra tua face refrescar
ver-te sempre a sorrir
quero ser o vento
tornar-me um tornado
tudo poder despedaçar
até ao ultimo alento
já que não posso ter meu amado
quero fazer tudo desaparecer

Zedlav

Perdoa mana se te faço infeliz
por meus versos tão infelizes
mas nem sempre te tenho a ti
nem a ninguém para chorar

Tanto eu uma vida feliz quiz
tanto lutei contra velas de moinho
tanto, tanto por todos sofri
Sempre pedindo só carinho

Zedlav



Queria ser forte
e voltei a escrever
mas foi um golpe de morte
não consigo assim esquecer

Vou ter também
de parar!...e dessa forma
ver um pouco mais além

Mas somente queria
mal ou bem poemas escrever
em algum momento eu devia
ter começado a fazer

Nunca quiz ser perfeita
eu sempre adorei ser eu
com meus limites, sem caprichos
tendo tão pouco de meu

Zedlav

Quanto a ti pedi
que me levasses morte
já tudo eu vivi
ainda se eu fosse forte

Esta tamanha tristeza
esta imensa desilusão
sou infeliz disso tenho a certeza
eu não tenho o teu perdão

Meu Deus perdoa-me
querer morrer, morrer
pois assim paro de sofrer

zedlav

Caminho tão lentamente
ao teu encontro, morte
meu corpo dormente
desta vida sem sorte

Vou caminhando
passo, sem passo, sem fim
sem ninguém partilhando
só me tenho a mim

Tudo é tão passado
tão longínquo...
Já nem sei se ele existiu
ou por mim sonhado
é tudo tão ambíguo
minha dor não resistiu

Passo, outro passo e o vento
o passado, o presente
já quase não tenho alento
sou um ser que nada sente

Zedlav


Uma longa vida pensando
que eu também era alguém
trilhei com sapatos esburacados
esta via rápida me humilhando
hoje por fim sei que não sou ninguém
nesta via rápida, desgostos colho braçados

Já nada ou pouco me resta
amigos eu não tenho
amores o que tive não interessa
nem recordações boas retenho

A dor maior
é cair na realidade
e verificar que a amizade acabou
e dele nem ficou a saudade

Penso, feios , porcos e maus
é a minha dor intensa
são dois seres esses por quem isto nutro
por um por Deus que não queria pensar
a esse bem eu queria somente distanciar

Mas esse sentimento
Já em mim há muito não existe
talvez por não ser ninguém
todo este desprendimento

Estou em casa, não lar
é tão pobre, tão desgraçado
tanto sonhei, tanto chorei
quando por ti fui vigarizada

enfim, por fim tudo findou
é um grande e doce alívio
pensar que a dor finalmente acabou
pois onde não há amor não há dor

Foi ontem, nada de mais
se passou...
ou tudo?...
apenas um vazio gostoso
e tudo terminou

zedlav


....poesia
é dor, é a alegria
é o grito, o sofrer
é o sol, é a lua
é o ver alguém morrer
é a guerra não parar
é ver a mentira tão dura
a maldade deixar andar
a intolerância...
enfim tudo isso faz poesia
pois ela não é só amar
ou escrever só p'ra rimar
é observar-mo-nos sem fantasmas
é tudo aquilo que têmos

Zedlav

Ai como é possível
dizer sempre jamais
não é incrível
sempre amigos é demais
Deixa-me por favor
minha vida contigo
o dia a dia compartilhar
deixa minhas coisas a ti contar
adormecer em teu abraço
e para o dia acordar
não, não largues minha mão
enxuga minha face
na penumbra do ocaso
agarra-me, não me deixes ir
estou terminando
deixa-me a árvore plantar
o som da folha
finalmente tua voz escutar
não me largues no horizonte


Zedlav


Triste, só, humilhante
sem vós, somente trabalhando
com discussão aberrante
a má vida vai-se agravando

Vejo todos felizes, sorrindo
dando alegria, vendendo
a espada da discórdia bramindo
a tristeza vamos sorvendo

Nãp há paz nem concórdia
neste lar já tão desgraçado
não há 'sperança na glória
deste amor tão espezinhado

Porquê? Somente eu pergunto
estupida, nada percebo
agressões surgem de qualquer assunto
neste lar não há aconchego

Pela janela a vida passa
lá fora quão diferente
a tristeza refugiou-se nesta casa
apesar de tudo contínuo crente

Natal, paz e amor
p'ros homens de boa vontade
todos cantam com fervor
só neste lar há tanta leviandade

87
Zedlav

Meu coração voa
p'ra tristeza dos 30 anos
tudo na vida magoa
faço hoje 30 anos

MAis parece dia de finados
escuro, chuvoso...
nem o alegre som de trinados
p'ra alegrar este dia pegajoso

Meu coração voa
além, lá longe
recordação qu'algures ainda ecoa
mas nada trás, o tempo tudo esgoroa


Zedlav

Que lindo sorriso brincalhão
naquele rosto vai dançando
olhos com a forma de tostão
gaiatos sempre saltitando

Linda é, simpática talvez
com uma engraçada franja
qual coroa iluminando sua tez
arrebitado nariz ela traja

lá vai saltitando por ali
tão feliz em sua tenra idade
só sonhos existem em ti
toda tu irradias f'licidade

Minha querida Ana
o que a vida te reservará?
quisera qu'alegria que de ti emana
nunca na vida esmorecerá

Zedlav


Irrompe o sol de gémulas doiradas
Mais um dia vem igual a todos
Ergo-me da noite sem sonhos
Meus olhos de tudo despojados

Vazia, seca, qual árvore estéril
revolto-me por ainda pensar
quando em meu passado feliz
eu quiz um raio de sol agarrar

Da luz á treva passei
minhas preces desfiei
quantas lágrimas choro
me atolei no charco

Mais infeliz...não pude ser
cobri-me de vergonha, d'amargura
emaranhei-me nos meandros da loucura
por tanto o raio de sol querer

Ai como se fez vinagre o que era mel
minha alma ficou da cor da noite escura

zedlav

Ai pobre de mim
que até a ofensa
o desrespeito sem fim
eu perdoo, perdoo...

Em quem está o mal
em mim ou em ti
tua boca cospe fel
em teus olhos o ódio vi

Onde está o erro?
a culpa entre nós
os ouvidos eu não cerro
a culpa é nunca estarmos sós

Já não consigo alcançar
nem enxergar o erro
sinto o medo m'agarrar
esta vida não encerro

Ai pobre de mim
que tanto choro e sofro
que vida esta que vivi

zedlav

Um tanto mais de desventura
enche o cálice quase a transbordar
ainda há esperança numa vida futura
ou será que o barco voltarei a abandonar

Tanto, tanto... ó tanto
me prometeste e que cumprias
foi poético, lindo e no entanto
conseguiste estragar o que prometias

Já não mais tenho alegria
és ignóbil e mentiroso
imperiosa a sede insaciável que tenho
de vingança, algo mau qu' te humilharia
foste feio, ruim e demais vaidoso
continuar com adjectivos qualificativos m'abstenho

Não me vou desgraçar
por um tão péssimo caracter
serei forte e vou ultrapassar
como no passado não volto a proceder

87
Zedlav

Meu Deus quanta vergonha
minha ferida reabriu
escorrendo tanta peçonha
mal a tua boca s'abriu

Senti um temor convulsivo
de todo o meu corpo s'apoderou
senti raiva dessa paixão repulsiva
agora p'ra mim tudo s'aclarou

O meu sonho a minha agonia
saber a certeza ainda custa a crer
que o teu corpo ao dela s'unia
eu nunca vou conseguir perceber

Mas agora tenho a certeza
hoje quando tudo se confessou
Deus meu quanta pobreza
eu não vou perdoar o que se passou

Sinto tamanha confusão
eu só queria agora fugir
não voltar a ver-te, nunca mais
pois sei que a verdade há-de sempre
um muro entre nós construir

Eu não vou conseguir fingir
que nada sei, pois tudo sei
a mim não voltarás a ver rir
traíste-me eu tudo sei

87
Zedlav


Ai quem me dera um amor
qu'ele não fosse proibido
dele, nele só encontro amargor
e esse desejo fingido

sionto esse medonho desencanto
eu que tanto, tanto sonhei
parece até quebranto
ou penitência p'lo que pequei

cigarrro após cigarro
busco a saída, a fuga
o amor não agarro

Mandas-me calar e crescer
ajoelho com lânguido fervor
quero um beijo e não desaparecer
ó meu tão grande amor

1987
Zedlav

Tudo um dia cheirará a jasmim
mesmo que seja muito velhinha
ouvirei alguém cantar p'ra mim
canções de mia longinqua terrinha

E recordarei feliz quando dançava
pensando quem seria meu companheiro
lembrando que corri e brincava
mas vou olvidar este meu cativeiro

Por falar em cativeiro
hoje duas testemunhas me visitaram
falavam como se fosse um aguaceiro
mas em Deus sou convicta e desandaram

Supõem que a verdadeira, é a sua religião
invocam Jeová, a glória, o seu rito
mas riposto e digo:- Não, Não
eu adoro Deus e o meu Jesus Cristo

Quando for velhinha
vou pensar, vou pensar
uma por uma nas baboseiras
que proferiste para tua mulherzinha
tudo teria sido diferente
seme tivesses deixado amar
senão tivesses tais maneiras

Zedlav


Sem a emoção sentida
sómente racional
sou par´ticula de vida
de natureza animal

consciente, pecadora
o mal tento destruir
demais sonhadora
a imaginação deixo fluir

verso escrevo acriançado
tentando nisso me realizar
mas saí apenas pecado
pois passo a vida a blasfemar

zedlav


Perdão Deus meu
ao bom caminho conduzi-me
sinto horror de mim
perdoai-me Senhor meu

Mais uma Madalena eu sou
perdida, confusa, arrependida
mil vezes arrependida estou
resgatai-me de minha desdita

Sou o carrasco de minha vitíma
minha vitíma - meu ser
meu carrasco -minha consciência
minha perdição - minha demência

Impaciência de minha juventude
o sufoco da dependência
ó Deus como pude

Crucificada no remorso
Senhor Cristo meu
sou uma pecadora
blasfemei...eu
errei...perdoa

Quero encontrar-vos
Jesus vem comigo ter
pois o teu caminho
eu o perdi Senhor

1981
Zedlav

O tempo, o muro o encaneceu
este muro maldito, estranho
sem portal, sem trajectória

Na guerra deste mundo louco
alguém o muro construíu
finalmente hoje ele ruiu

O muro de Berlim
nada me diz...
somente a quem o viu e sofreu
esta vergonha ruiu enfim.

1989
Zedlav

Tenho de riscar este dia
como senão houvesse no calendário
esquecer, somente pretendia
mas é um desejo perdulário

è demasiado degradante
o que atingiu mia família
meu marido cavaleiro andante
tudo arruinou num só dia

27/2/89
Zedlav