sábado, 28 de abril de 2007


O sol está se despedindo
numa aguarela multicor
entre as nuvens ainda brincando
vaidosamente suas cores exibindo

quem me dera poder agarrar
essas cores maravilhosas
que o pôr do sol m'oferece
captá-los e consegui-las explicar

São tons sobre tons
parecem notas de musica caindo
como o gemer da guitarra tão tenues
noutras tão fortes que só podem ser
sons das noites de batucadas

Ele espreguiça-se antes de morrer
os céus cobrem-se sem tons
acabam no mar a desfalecerem
entre abraços e sussurros

zedlav


E quando os amigos desaparecem
como por um passo de magia
uma dor tão profunda surpreende
Evola-se o que resta da alegria

E pergunta-mo-nos porquê?...
e os porquês sem respostas
a vida já é tão difícil
sem eles são feridas sem crostas

E tenta-se não aprofundar
mas o estilete vai golpeando
os antigos amigos não recordar
aqueles com que cresci brincando

Já nada me resta esperar
os dias ficam frios e escuros
tanto os busquei na saudade
afinal serão maus ou obtusos?

Fiz tantos amigos portugueses
que há tantos anos duram
com aqueles bastaram meses
e já tanto me magoaram

zedlav

quarta-feira, 25 de abril de 2007


Hoje o sol rompeu abruptamente
escalou as vagas, empinou-se
e espraiou-se nas areias
espreguiçou-se languidamente

E eu colhi-o no meu abraço
beijei-o no meu sorriso
e mia roca da vida desfiei
mais um dia viva, desfrutarei

Um,um dia de vida é tanta coisa
para quem tão pouco tem...
é musica, é alegria, é sol
jamais um adeus, mas um momento

E a musica solta ecoa melódica
e eu abraço o mar, o sol, a vida
e deixo p'ra depois o adeus
agora quero viver momentos meus

zedlav

domingo, 22 de abril de 2007

O batuque rompe p'la noite calada
os animais calam-se, o vento pára
o som chega cada vez mais forte
e eu deixo-me ir p'lo som embalada


Som que minhas noites enfeitiçava
por mais anos que viva não esquecerei
a batucada que dos longes a mim chegava
eu adormecia p'lo som que me inebriava

Sonhava então, que até eles chegava
com missangas coloridas, o merengue
com alegria ou com tristeza dançava
até que a madrugada rompendo chegava

Em noites de batucada eu sabia
que existia óbito na sanzala
Ai ele era tocada com nostalgia

Em noites de batucada eu sabia
que havia nascimento na sanzala
porque era tocado com tanta magia

Agora já não tenho a batucada
mias noites de magia desapareceram
já não me sinto enfeitiçada
os sonhos... ficaram na batucada

zedlav

sábado, 21 de abril de 2007

Na escuridão de meus pensamentos
Navego sem rumo, sem destino
não quero ver, nem ouvir nada
não quero reviver os momentos

Quero sómente deixar-me envolver
pela solidão do esquecimento
pelo silêncio a que me devotei
quero a distância do romper

Mas o caminho é serpenteado
cheio de obstáculos...
e o esquecimento não barrado
mais parecem oráculos...

Na escuridão enrosco-me
na solidão penso, revolto-me
na distância peso meu pesar
no silêncio mia dor mergulhar

E sempre aqui só no meu fiar
sem nada mais me deslumbrar
sem poder mais nem sonho sonhar
mias mãos abrem-se sem nada abraçar

Nada mais espero, nem luz busco
talvez um dia... não creio mais
Vou apenas solitáriamente caminhar
No mundo não vou crer, jamais

zedlav

sábado, 14 de abril de 2007

Quem me dera ter nascido surda
Quem me dera ter nascido muda
Quem me dera não ter nascido
Quem me dera já ter morrido

Esquecer...o que eu ouvi
e que nunca quiz ter ouvido
esquecer... o que respondi
p'la raiva talvez movido

Quem me dera ser nada, ou ar
quem me dera nunca ter confiado
nunca no ser humano acreditado
quem me dera com palavras brincar

zedlav

Dança!...Dança uma vez mais
Quero essa esperança
Será pedir demais?

Com teu abraço envolve-me
Encosta teu corpo ao meu, leva-me
Com uma balada simples d'amor
Agarra-me com carinho e ardor

Dança!...Dança uma vez mais
Quero minha mágoa
Finalmente em ti repousar

O passado não volta mais
Por muito que doa
Vamos viver a vida
E não mais nos magoar

Zedlav

De repente a madrugada
cheia de sons rompeu
mia lágrima á toa secada
quer mia alma ainda viver
que tão pouco ou nada viveu

zedlav

Meu sussurro, escuta
Por favor tem paciência
Perdoa ser tão bruta
Quero amor, não clemência

Meu sussurro, escuta
Por favor houve meu gemer
Não quero ser dura
Mas é por tanto te querer

Meu sussurro, escuta
Por favor não vás embora
Receio que minha vida seja curta
Dor lancinante, Mia alma chora

Meu sussurro, escuta
Esta meiga melodia
É tão somente a sinfonia
D'um amor que há tanto dura

Meu sussurro, escuta
Esta dor tão sufocante
Minha pausa, meu silêncio
Amor antigo,não há semelhante
Zedlav

sexta-feira, 13 de abril de 2007


Tive tanto medo de acordar
mas por fim tive de acordar
e não tinha mais amanhã
não tinha nada, só silêncio

A gargalhada virou soluço
o sorriso perdeu-se no vácuo
da nostalgia, de um fim...
que eu jamais pensei que fosse assim

Quando olhei para o céu
já as estrelas inham desaparecido
tudo estava coberto com um véu
e o sorriso transformado em gemido

Quiz não acordar para o mundo
mas tive de acordar para ele
deparei-me só e bati bem fundo
que vou fazer dos dias dele...

zedlav

domingo, 8 de abril de 2007

Hoje é domingo de Páscoa
como se vivia intensamente
esse dia naquele meu lar
perdido e sempre tão presente

Rejubilávamos com os sinos tocando
Lá estávamos, Avó, Mãe, eu, manas
cada ano, Jesus em nós ressuscitava
meu doce e perdido lar encantava

Do carnaval até á Páscoa
a musica não podia tocar
ás escondidas lá a ouvíamos
mas eram as regras a praticar

No almoço todos juntos
a alegria pairando no ar
já antevendo a vinda do padre
p'ra nossa casa também abençoar

Pai , Bélita, Avó, Feliz Páscoa
o lar em Angola lá ficou
agora a saudade até magoa
de mim nem a alma ficou

Hoje só queria vislumbrar
1 minuto daquele belo dia
preparado com carinho naquele lar
Um minuto p'ra Páscoa celebrar

zedlav

sábado, 7 de abril de 2007

Não não posso mais calar
este meu pensamento d'amor
nunca mais fui nada sem ti
tenho d'o esconder e chorar

O mar canta p'ra mim
dá-me sua 'spuma p'ra limpar
mias lágrimas sem fim
suas ondas p'ra m'acalmar

Mas sem ti não posso viver
e corro sem destino, nem trégua
tudo faço p'ra dor mitigar
já nem tento mais sobreviver

Enterro meus pés na areia fofa
meu olhar sem nada abrange o nada
sem ti não sinto o frio, nem calor
sinto a angustia da falta do amor

Como queria correr para ti, t'abraçar
esquecer este medonho pesadelo
voltar a poder rir, cantar, sonhar
mas a vida sem ti é um flagelo

zedlav