quinta-feira, 31 de maio de 2007

Canta p'ra mim
algo que m'inebrie
envolve-me em teu manto
feito de pele e alma

Canta p'ra mim
uma batucada
ou uma balada
faz de mim mulher,sim

Um sussurro, um gemido
como queria ouvir
mesmo que sumido
como queria sentir

Canta p'ra mim
soletra a palavra amor
não deve ser tão ruim
teu beijo já nem sei o sabor

Canta p'ra mim
de noite ou de madrugada
envolve-me em teu manto
de pele, d'alma
enxuga meu pranto

zedlav

terça-feira, 29 de maio de 2007

Quero muito aprender
deve um livro haver
para o b a ba soletrar
até o conseguir decorar

Só queria aprender
a ser feliz, a confiar
o mundo abraçar
sem meu sorriso ter d'esconder

Com feitiço ou magia
só queria aprender
a ser feliz, ter alegria
lançar p'ra longe o entristecer

Só queria ser feliz...

zedlav

sábado, 26 de maio de 2007

O sol rompe a madrugada
d'um sono sem sonhos desperto
triste mas não perturbada
mia alma continua neste deserto

Ao mundo encerro meu olhar
Á esp'rança d'um confiar
em meu solitário caminhar
nem um sorriso quero esperar

O sol, música e o mar
são meus eternos companheiros
quiz tanta ser amada e amar
deles nem os tenues cheiros

Meus pés no caminho enterram-se
dias tão iguais ao ontem
por isso meus olhos cerram-se

E a lua diz-me que a noite voltou
o sol faz-me recordar que é dia
e eu após uma noite sem sonhos
vejo que tudo é igual, nada mudou

Um dia a mais espera-me...
se há sol ou chuva, que importa
tanto vazio...dezespera-me
mia alma á tanto tempo morta

zedlav

Mãe branca, Mãe preta
destruída, vazia
sem luz em seu olhar
busca seu filho

Perdido no mundo
no ocaso, p'ra si
perdido do seu olhar
protector e amoroso

Raptado, violado
num mundo que não seu
privado de amor
de carinho, de protecção

Mãe negra, Mãe preta
une-as a desventura
o vazio dos dias
a dureza da sobrevivência

Já em si não pensam
nem em quem as rodeia
Seu sono de sobressalto
seu acordar penoso

Vegetam, em cada esquina
seu olhar busca seu filho
em cada som a voz ausente
persegue-as o já nada

As lágrimas fazem sulcos
em suas faces martirizadas
a musica, sol, flores
nada mais as faz emocionar

Mãe branca, Mãe preta
a quem um dia roubaram
o que é a nossa vida
querem a esp'rança sem a ter

Vivem para o dia sem esp'rança
apesar de dizerem que a têm
do reencontro, do beijo
no filho que não mais aparece

E as orações, a prece
vão-se esbatendo
Mãe branca, Mãe preta
nem direito ao luto têm

zedlav

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Vim dos longes dos longes
afundei sem o teu amor
quiz o mundo e sem nada
sem nada eu fiquei...

Vim de lá desses longes
onde refugiei mia dor
vim como fui, apaixonada
sem meu sonho eu fiquei

Vim do longe dos longes
p'la praia voltei a caminhar
triste em meu penar
provinda das terras de ninguém
do esquecimento e da vertigem

Voltei a esta praia tão minha
desta feita, mais só que nunca
é um martírio estar sózinha

Mas sentada na areia
vendo o sol morrer
a noite acontecer
queria ser uma sereia

E lá no longe dos longes chamar-te
e tu finalmente encaminhares-te
e neste mar tão meu
fazeres-me tua e tu só meu

zedlav

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Disse um adeus a tudo
p'ra quê a esperança
prefiro estar no mundo
só, tanto problema cança

Quando a janela entreabi
sumiu o sol, só ai reparei
que o meu destino estraguei
quando um dia eu te conheci

Lágrimas?...Para quê?...
Se nem tu nem eu as têmos
Se nada nos oferecemos

O dia em que te conheci
jamais o vou maldizer
também de ti não me aborreci
se calhar deixei de te querer

Só que por vazia me deixares
disse um adeus profundo
não recordo de me amares
cansei de estar só no mundo

Queria passear a ti abraçada
voltar a aprender a beijar
sentir-me por ti enlaçada
voltar por ti a me apaixonar

Mas tudo isso está tão distante
como eu de ti, como o sol do mar
sinto que algo me está a faltar
ter-te novamente como amante

zedlav

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Lá fora onde ainda há vento
Onde o sol brilha e a noite acontece
Não há grilhetas,nem o tempo é lento
Há o mundo lindo onde tudo acontece

Há o ladrão. os assassínos
A beata, o vigarista...
Mas todos se sentem dignos
Oh meu bom Jesus Cristo

Já não sei escrever
Para quê? Se conto só meu padecer
Pergunto , para quê existo?...
A pergunta perde-se no infinito

Vens lá de fora, onde há vento
onde o sol brilha e a noite acontece
Onde o dia, a vida, tudo esquece
Tiras-me a paz que é meu alento

Deus, oh Deus meus passos guiai
castiga tudo quanto de feio há
Dá-me força, coragem em meu destino
A esperança num amanhã...

Zedlav

Abri a porta ao silêncio
de repente escureceu
o vento esse parou
até o mar se recolheu
é tempo de meditar
porque tanto durou
porque não és de chorar
tudo seria mais simples
era só demonstrares
aquilo que sempre sentiste
é a tua forma de amares
Abri a porta ao silêncio
lá fora o vento parou
o mar esse calou seu cantar
a lua desapareceu
foste alguém que muito amou
mas que não soube falar
e muito sofreu

Zedlav

Quero, como quero a coragem
Pois me esperando, já ninguém
Quero lentamente para ti caminhar
Pois já não sei nem sonhar...
Católica mesmo sendo
A vida não mais querendo
Ao fim da estrada cheguei
em lágrimas sempre me debulhei

Zedlav


Salazar ou Dalatando
Era uma cidade pequenina
O rio Quanza passando
Minha cidade menina

Terra bela e formosa
Engalanava-se p'ra chegada
Do seu Santo padroeiro
São João o Baptista

Lá para o Alto da Rosa
Havia colégio, liceu e escola
Bem precisávamos d'um milagreiro
No Lusitano fazíamos a festita

Minha tão pequena cidade
Meu recanto de saudade
Zedlav

domingo, 6 de maio de 2007


O caminho curto e breve
que é o desta nossa vida
por vezes tão doce e leve
noutras duro, que se sai f'rida

Tantas e tantas voltas damos
tentando o vazio preencher
sem as coisas valorizarmos
só as futilidades queremos ver

E o doce caminho que até seria
torna-se abrupto e tão cruel
que até aquela nossa magia
torna-se amarga como fel

E perdemo-nos no caminho
tentamos então retornar
correndo ou a passinho
e só fazemos é contornar

Sentamo-nos exauridos
magoados... feridos...
mas isso é a aprendizagem
desta nossa pequena viagem

E quando pensamos então
já ter um conhecimento
vimos que foi tudo em vão
pois sobrou o padecimento

E a vida essa tão leve e curta
desfez-se em partículas!...
como os anos, tão breves
a dor escreveu-se em maiúsculas

zedlav

sexta-feira, 4 de maio de 2007


Quem sou?...Quem sou?...
Já nem essa pergunta faço
o que de mim restou?...
o que ainda no mundo faço?...

Sou poesia?Ou sê-lo-ei quando durmo
se quando durmo já não sonho
então já nem aí há poesia
apenas uma doce letargia

Serei vento?Não porque sou silêncio
silêncio não sou, porque o turbilhão
de pensamentos é como uma avalanche
e ainda quero ouvir meu coração

Escondo-me nos poemas
nas palavras, nas rimas
e não deixo que mias penas
mostrem as mias ruínas

Quem sou?...Quem sou?...
alguém que jamais deveria
a este mundo ter vindo
Por tanto que me magoou e feriu

Sou uma caminhante do ocaso
que buscou o amor onde não havia
que quiz a f'licidade sem prazo
e na vida usou o bouquêt da nostalgia

Tanto sonhei, tanto, tanto idealizei
fiz castelos, um principe pintei
Deus, sonhos belos eu visualizei
meus sonhos de catraia só romantizei

Um a um despedaçaram-se
em mil pedaços esfrangalharam-se
a principio ainda os colei
agora já nem sei se os sonhei

Sou uma caminhante do ocaso
Sem destino, vou sem rumo
e se a f'licidade por um acaso
eu um dia encontrar?...
Não pararei, houve muito atraso

zedlav


quarta-feira, 2 de maio de 2007

Mias mãos buscam
as contas de lágrimas
que dos céus pranteiam
sem tons nem ritmos

Sem relâmpagos, sem trovão
as gotas caem sem cessar
como queria ser terra, ser chão
p'ra mia tristeza deixar levar

Meu pensamento deixo ir
em busca de um sorriso
mas para isso teria de sair
e eu só de solidão preciso

Estendo mias mãos
e mias faces ás lágrimas
que dos céus pranteiam
já não penso em anos vãos

zedlav