segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Abro o postigo
Do portal da mia memória
Como o tempo a encaneceu
Esta minha pobre alma

Tudo é tão antigo
Uma vida ilusória
De uma alma que tudo perdeu
Só lhe restou a calma

E a muda eloquência do silêncio
Faz reter o meu pensamento
Mas o postigo entreaberto
Deixa passar a lembrança

De um modo estranho presencio
Como se houvesse um afastamento
Ou perante um livro aberto
Uma vivência de mudança

No postigo bate alguém
Será a alma alegre que tinha
Que de tanto sofrer não é ninguém
Ou o sonho que ainda retinha

Quantas vezes ainda sinto
Chamarem-me de mansinho
Uma voz que já não é minha
Meu postigo abro devagarinho

Zedlav