sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

A 1ª LENDA (FICÇÃO)

O pescador que redes arranjava
Então contou a esse viajante
Algo que o desgostou e ultrapassou
Uma linda lenda, emocionante

Estando ele as redes cosendo
Prescrustando os longes dos longes
Ouviu um som, alguém gemendo
Ou quiçá os cantos matinais Vale Frades

Ele tremendo , até se magoou
Mas o gemer espaçado, arrepiou
Eis quando nos longes surgem
4 Deusas que batuques estrugem

Ele então a lenda contou
Pois acabara de se lembrar
Era uma Mulher que ali s'afogou
Porque demasiado amou

Assim como ele viajante
Esta mulher d'alma errante
Um dia a essa praia aportou
Vinda não se sabe em que vela chegou

Mas por aí ficou, mas tão só
Dia e noite p'la praia andava
Tão desvalida mulher até fazia dó
Seu olhar vazio, tudo abarcava

Por vezes sorria!...e seu sorriso
Tecia mantos com os fiapos d'espuma
Mas era tão triste seu riso
Que o manto tecido virava bruma

Seu caminhar errante!...
Tanta dor escondia
Chorava seu amor, seu amante
Que ela tinha tido um dia

Sentava sua dor a descansar
Nas rochas onde o mar finda
Ela então revia passado d'encantar
Onde ainda sua vida era linda

As ondas seus pés lambiam
A brisa seu corpo fustigava
As lágrimas essas caíam
Não mais a vida como ela s'apresentava

Então um dia em que a coragem
Dela finalmente s'apossou
Ergueu-se altiva e na voragem
Pelo mar dentro nadou, nadou...

E as forças foram faltando
O cansaço, a dormência...
O mar abraçou-a, cantando
Uma balada repleta de poesia

E essa mulher então viu
Que era hora de partir
A doce balada ouviu
E ao mar pediu p'ra se unir

Desde esse dia que neste mar
Se ouvem passos errantes
E um gemer das ondas a cantar
P'ra mulher de terras distantes

Seu lindo traje nupcial
As vagas transparentes como vestido
Conchas depuseram tiara especial
Seu véu de estrelas do mar tecido

Pneves o mar congelou
LDias o dia clareou para melhor se ver
Rcrescendo o tempo parou
IConcha com a concha retirou a mulher

IConcha a deusa sacerdotisa
Reanimava-a tudo fazendo
PNeves as neves recolhia concisa
Enquanto ensinava RCescendo

A deusa do tempo RCrescendo
media o tempo até aí bloqueado
Acertava pelo arco irís correndo
Os ponteiros do tempo parado

LDias o dia então nublou
P'ro mar sua perda chorar
Ele p'la mulher s'apaixonou
Maré alta virou de tanto chorar

Este mar que um dia amou
Parou então seu doce cantar
De raiva punhos de ondas atirou
contra o FORTE seu grito troou

E em noite enluarada
O mar chora e canta gemendo
P´la mulher tão idolatrada
Bouquês d'espuma a ela oferecendo

Mas as 4 deusas sacerdotisas
Prevendo esta ira devastadora
Esconderam a mulher
Pois previam a ira avassaladora

LDias baixou o nevoeiro
P'ra que o mar ficasse perdido
RCrescendo voou com o ponteiro
PNeves estava alerta e em sentido

IConcha com seu amor imenso
As chagas d'alma deste ser
Curava com um carinho intenso
Até qu'um dia ela acordou, a mulher

Festejaram em seu Forte
Tão desmesurada alegria
As deusas pensaram na sorte
Que esta mulher merecia

Cálices de nenúfares ergeram
P'ra brindar um recomeçar
Sabiam qu'esta mulher iria voltar
Mas esta grande amiga ganharam

Baixaram o nevoeiro então
No Forte abriram-se os portões
O sol brilhou, rodopiou, dançou
Lá vieram os traquinas dos anões

Margaridas, violetas!...
Tudo num repente acordou
A mulher com tudo s'encantou
Para trás esrtendeu as suas mãos
As deusas cortaram do passado grilhetas

Envolta em seu manto transparente
Ela em frente caminhou
Música da brisa, inebriante
A seus passos um destino doou

O mar lá em baixo ainda chora
Há dias em que se revolta demais
Noites há que tudo promete e implora
Nunca se conformou, jamais

E assim mais uma lenda s'arranjou

Zedlav