domingo, 10 de dezembro de 2006

Peguei em tua mão e passeámos
Nossos passos no cascalho rangiam
Há tanto tempo que não caminhávamos
Que nossas almas não s'uniam

Mostraste-me os mais belos recantos
Desse rio que mais parece uma pintura
Inventado, sonhado, irreal!...

Sei qu'essa água tem lendas e encantos
De paganismo e catolicismo há mistura
Mas de uma beleza surreal...

Ao fim da tarde vagarosamente
Ouvindo o som das lágrimas da corrente
Conversamos tão calmamente
Nesses breves instantes fiquei contente

Por ali andámos, as águas olhando
Tantas e tantas vezes parámos
Gosto dos tons das folhas das árvores

Não sei com que estavas sonhando
Sei que me custou quando nos separámos
Já reparaste que aquelas são as minhas cores

Cores, não dores, até dessas me esqueci
Teus olhos reflectem a magia
Esse rio de mão dada contigo percorri
Mas tal como o meu mar tem muita nostalgia

Deu p'ra escutar os trinados
Eram passarinhos ali arrolhando
Com o som dos nossos corações, alertados
Mas pouco depois continuaram namorando

E ao findar o nosso passeio
Ao sair do meu encanto
Dessa paz, desse enleio
Caí num imenso pranto

Zedlav