sábado, 9 de dezembro de 2006

Mulher perdida
Escrava do pecado
Profana...
Secreto pesadelo

Adúltera, mulher vil
Chorando de arrependimento
Quisera pura renascer
Sem medonho sofrimento

Com tal padecer
Sua face transfigurada
Clemência suplica ao Senhor
Para a sua alma martirizada

Satanás volta a tentar
E gemendo volta a sucumbir
Só consegue blasfemar
Por não ter forças p'ra fugir

Mulher Perdida


E de novo o arrependimento...

Mulher vil, imoral
Aniquila-se em sua perdição
Em sua carne putrefacta
Extasia-se com a paixão

Seu mundo de lúxuria
Mais forte que o arrependimento
De nada vale sua fúria
P'ra combater sua vida nauseabunda

Suplica vezes sem conta
O rosário em suas mãos desliza
As preces brotam com fervor
Invade-a a paz que tanto precisa

E de novo o arrependimento
A angustia e o sofrimento
A pecadora e a desprezada
Quanto se sente desgraçada

E chora convulsivamente
Seus cabelos arrepelando
Não ri, não sonha, chora somente
Sua má sina desfiando

Caminha sem destino
Desgrenhada e esfarrapada
Assemelha-se a alguém sem tino
A perdida, a desgraçada

Perde-se na rua seu vulto
Maltrapilho e esquelético
Sonha com a paz do sepulcro
Este ser tão patético

O sol põe-se, escurece
Peregrina e insegura
A lua a enternece
E quase a torna pura

E segue caminhando
Seu malfadado fado
Que a lua brilhando
Purifica seu pecado

Sabe que voltará a cair
E que a paixão a fará vibrar
Muitos a irão possuir
Não com amor, mas a pagar

Estremece de emoção
Uma estrela cintilou
Maravilhosa sensação
Que a trespassou

Mulher Perdida

Exausta pelo beco esgueira-se
Seus passos vacilantes
Da taberna abeira-se
Junta-se a ébrios cambaleantes

Maus calejadas apoderam-se
De seu pequeno ser pecaminoso
Com gestos cansados, desprende-se
Desse individuo asqueroso

Sequiosa sorve seu vinho
Este néctar fá-la esquecer
A ambição da caixa de pinho
Para a vida não mais temer

Agora já baila e ri
Canta o desgarrar
Vai saltitando por ali
Até a noite findar

E néctar sorve e saboreia
Olvidando a realidade
Depravando-se mais na teia
De tamanha promiscuidade

Trôpega e embriagada
Afaga o seu companheiro
E como que encabulada
Pede-lhe algum dinheiro

Brotam carícias voluptuosas
Beijos em sua boca poisam
Afagos trémulos e receosos
Repletos de malícia-asquerosos

A noitada finda
E a Aurora...
Nostálgica - quão linda
O sol rompe pelo mundo fora

Há muito que cantou o galo
Na lota ataviam-se as varinas
Trocando pregões e a entoá-los
Falam de amor e das salinas

A multidão calcorreando
Num vai e vem tresloucado
Só, a pecadora tropeçando
Seu olhar parado e alienado

Tudo lhe transmite incompreensão
E sorri...
Pensando que a vida é algo
Transitório
Nada é duradouro
Tudo é irrisório

A rua parece-lhe interminável
Os minutos horas e estas séculos
Integra-se finalmente
No fluxo matinal-in mente

Tudo lhe é paradoxal
Tudo lhe é antagónico
As vibrações infinitas do mal
Sobrepõem-se ao bem platónico

E novamente o arrependimento
Provindo do mais profundo do seu ser
Suas entranhas dilaceradas pelo sofrimento
Reagem diabólicamente ao seu querer

Finalmente deixa-se abater
pelo cansaço....
Por tudo o que a faz padecer

Mulher Perdida...
Burbulhante corre o sangue
A surpresa estampada
A palidez exangue
O arrepiante esgar da ruptura

O findar de um sonho
O amargo arrependimento
Recorda com saudade
Tudo o que foi felicidade

Quantas noites passadas
Ao relento vendo o luar
Suas penas não conseguiu apagar
Com o murmurio do mar

Negra sua alma desesperadda
O soluçar convulsivo
De um desepero intensivo

E ela para ali só
Tão só quanto a noite calada
Chorando a desdita
Da sua vida arrazada

Maldito pesadelo
Esgotante tormento
Tudo quisera terminar
Para não mais pecar

Mas tudo perdeu
Até sua dignidade
Quão cruel o erro que viveu
Já olvidou o significado de felicidade

Luar deslumbrante
Reflectindo-se no mar
A batucada da revolta

Pudera ser feliz
Jamais o será
E pela calada da noite
Ouve a brisa passar

E recorda............

Que também gostaria de amar.......

Está a chorar
A chorar por algo que nunca teve
O carinho, o amor, a ternura
Um lar...A desilusão...

Sua consciência já não murmura
Porque ela está só
Quem sabe o que é ser só?
Quem passa os dias sonhando...

Quem!?...

Não é nada somente um farrapo
Uma deseperada
Em busca
De uma migalha de humanidade
E refugia-se em sua humildade
Sente-se desamparada
Deus não a abandoneis
Não mais tem coragem
Esta alma perdida
Sôfrega de perdição

Silenciosa
Esquecida
Esmorecida

Sua tristeza infinita
Suas ilusões recalcadas
Roga que deus lhe permita
O fenecer de mórbida vida

Segue pela estrada da vida
Sem eira, sem rumo
Desta, só ambição de ser bendita
Nada mais quer do mundo

Tudo o reto
Para trás ficou
Demais funesto
Nada memorou

E p'la calada da noite
Esta alma perdida
Diáfana, fria, silenciosa
Amortalha o luar imperceptível

Sumiu-se a solidão
Extinguiu-se o silêncio
Onde a beleza se corrõe
A podridão é demência

Ah vida louca
De Boémia...
Depravada...
Ah, choro agoniante

Oh alma perdida
Doce gemer, sem dor
Consciência sem remorso
Mente vazia, vazia, vazia

Ah alma perdida
Devastada pela tempestade
De um amor alienante
Adúltero, quão impossível
Doloroso e apaixonante

Ah alma perdida
Tudo arrastas-te por uma quimera
Por uma ilusão, por um sonho
Pela ânsia de viver e amar
Das correias se libertar

Ah alma perdida
Que não geme, que não chora
Que só restou a recordação

Mulher sofredora
Histéricamente gargalhou
Gargalhada demoníaca
Que o vento levou

E no silêncio da noite
Ecoa a gargalhada
Histérica, receosa
Breve e desesperada

O silêncio retornou
Mas a gargalhada lúgrube
Em nosso coração penetrou
Rompida de algures

Um silêncio pesado
Fez-se sentir em redor
A chuva voltou a cair
A paz voltou a reinar

Paz? Não!...receio talvez
Pois a gargalhada
Açoitou o nosso coração

Passinhos curtos
Intercalados
Como notas de música
Repletos de breves pausas
Retomaram seu rumo
Em marcha cadenciada
Sim, agora já têm rumo
Estes passinhos curtos

Embaladora solidão
Inseparável companheira
És musica embriagadora
Esmagas sem compaixão

Inseparável companheira
Que preenche a poesia
És a suave feiticeira
Que lhe atormenta a existência

Embaladora solidão
De angustiante nostalgia
És um turbilhão de sonhos
Repletos de magia

Pela lágrima derramada
Pelos dias angustiosos
Esta alma perdida
Blasfema palavras odiosas

Mulher somente...

Oh mulher menina
A sociedade te magoou
O dragão tragou-te pequenina
És mais uma... que pecou

Vai mulher menina
Mulher que ninguém mencionará
Só te criticarão pequenina
Mas o tempo tudo olvidará

Não recues, vai em frente
Coragem mulher menina
De tudo és carente
Ingénua mulher menina

O mar é como uma flauta mágica
As ondas como notas cheias de candura
O vento leve
Soprava contra a praia
O sol uma estrela brilhante
Brilhante e cheia de calor
Queimando
E tu mulher, embriagada
Com tal paisagem
Foste avançando
Teus pés se enterrando
No ouro da praia
Caminhando vagarosamente
Como que saboreando
A tua vitória perdida
Sentis-te teus pés molhados
Pelas ondas cristalinas
Que te deram as boas Vindas
Ouviste o suave murmúrio
Do mar chamando-te
Para sereia te tornares
E a onda cristalina
Ofertou-te a coroa de espuma
Sereia de eterna paz
Não mais choras-te

Zedlav