Quem ao tempo doou o corpo
envelheceu e não se machucou
A quem o tempo não passou de sôpro
E a sua alma não mirrou
A quem o tempo aconteceu
sem recordações e lembranças
então viver de nada valeu
por haver permanentes bonanças
A quem o tempo não tolheu
o incerto passo indiferente
se só flores se colheu
então a vida de nada valeu
Porque ninguém vive o tempo
este tempo tão precioso
ninguém o absorve totalmente
como jóia mui ciosa
O tempo é o instante
que veio e algo se criou
ele passa flagrante
e vê-se que nada se gerou
Gera-se na natureza
que absorve o tempo
na totalidade, com pureza
Zedlav
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